fim.
Na quarta-feira, eu nem lembro o que fiz durante o dia, mas lembro do que deixei de dizer. Lembro muito bem do que te disse em julho. Das consequências que defini, dos prazos que estabeleci e que estavam se escoando.
Na semana anterior, mais uma vez, cheguei ao meu limite. Tentei, pensei, apenas não disse. Senti prazer em ser-te desagradável. Sabia o resultado dos meus atos, uma parte de mim se deliciava enquanto a outra morria de medo.
Desde que te conheci soube que isso aconteceria. Acho que nunca passei mais do que 6 meses sem tentar. Nossa história é cheia de semestres não? Você nasceu, seis meses depois eu vim. Nos conhecemos, seis meses depois nos reconhecemos. Tirei isso de um dos textos que você escreveu sobre nós.
Fico repassando aquele dia na minha mente. Se não tivesse mencionado a condição que eu mesma estabeleci ainda estaríamos juntos. Ainda bem que me lembrei de mim mesma. Te chamo de covarde, e você foi, mas eu também fui. Fiquei empurrando minha decisão até que você a tomou por mim. Sempre fomos complementares.
Ironicamente começou a tocar teenage fantasy da Jorja Smith, acho que não passamos disso, e fomos bons nisso.
Passei o dia sem pegar no celular, o que é comum para mim. Há algum tempo já odiava ver seu nome na tela. Me sentia sufocada. Somos opostos, não te aguentava mais, mas não era o suficiente para você. Reconheço onde erramos os dois. Fato é que você tem erros que apenas um homem é capaz de cometer, mas já não te culpo, apenas te quero longe.
Quinta-feira, tive um ótimo dia no trabalho, saí não olhei para o celular, cheguei em casa, larguei o celular na bolsa do trabalho e decidi começar uma nova série. Foi um bom dia. Estava sozinha em casa, cantando pelos cantos. Jantei, levantei para pegar uma sobremesa. Eram 20h41. Sua mensagem chegou às 20h38. Pela primeira vez naquela noite peguei o celular. Nossa história sempre teve coincidências.
Estava na cozinha, cantarolando, pensando em como eu seria boa solteira, vivendo uma vida só. Eu não quero morar em Santo André, não quero trabalhar no SESC, não quero ir onde você vai. Sua vida não me interessa e imagino que a minha também não te interesse.
Estava ali, cantando qualquer coisa, provavelmente alguma música que me lembra alguém que veio antes de você, colocando leite na caneca para comer cookie. Cheguei no quarto com minha caneca e meus cookies, li sua mensagem. Na hora soube o que era. Esse pensamento estava na minha cabeça naquele mesmo segundo, me senti perguntando ao espelho.
Te indago, te olho, não vejo nada. Olho para o vazio e minha felicidade e confiança na minha vida sozinha já se foram. Por algum motivo ter o que quero não parece tão bom quando é dado assim, de bandeja. Não pude pedir, tive que aceitar. Seria orgulho ou uma sensação de impotência?
Fico repassando aquele dia, como cada pedaço do meu dia foi cheio do seu fim. Te falei coisas porque pensei nelas. Pela primeira vez pensei em como seria se estivesse solteira, talvez por saber que já estava, talvez por querer estar.
Hoje acredito que finalmente terminamos de verdade. Sei que se for para ser, vamos nos reencontrar. Nossa história é cheia de coincidências. Fico confiante com apenas isso. Você sequer é a primeira pessoa com a qual me sinto conectada, mas fico feliz de sempre querermos a mesma coisa. Você é a única pessoa que consigo imaginar coisas positivas sobre mim. Acho que esse é seu amor, que guardo com carinho. Espero que também guarde o meu.
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