equílibrio
As coisas acontecem de um jeito estranho, na maior parte das vezes. Sempre vivi minha vida em 50%, tudo em mim é 50%.
Conheci alguém que também não é nem pra lá nem pra cá. Ficamos juntos por tempo demais, nosso relacionamento também não ia nem ficava, numa constante dança de um passo pra frente dois pra trás.
Nessa de não saber se íamos ou ficávamos, acabamos tendo muitas idas e vindas. Foram seis anos e seis términos, talvez cinco, talvez sete, tudo aqui é mais ou menos. Até na hora de terminar de vez - porque agora sim foi de vez - ficamos sempre no vamos ver. Um chove não molha desgastante, precisamos de dois meses para finalizar o término.
Dois meses de amizade que vira briga que vira química que vira tensão - aquela tensão - que vira briga que vira ódio que, finalmente, virou cansaço. Não, não virou indiferença, ficamos cansados demais, hoje temos birra. Nesse mais ou menos, terminamos, mas ainda mantivemos um e-mail compartilhado, as assinaturas de streaming, o contato assíduo em redes sociais. Depois de pessoas das nossas vidas inferirem, finalmente terminamos de vez, agora sim.
Sempre pensei que eu que fosse mais ou menos, afinal, desde sempre me identifiquei desse jeito. Não é à toa que esse espaço se chama “the queen of average”. Passados seis anos de uma briga imensa com os extremos, vivendo a vida morna, finalmente decidi que vou e não fico. Pela primeira vez a chuva molhou, pulei do muro sem medo de ralar o joelho, fui sem olhar pra trás.
Não sei se ele foi ou se ficou, só sei que, se ficou, tenho que ir mais e, se foi, espero que tenha sido pro outro lado. Éramos opostos complementares, hoje somos apenas opostos.
Antes de terminarmos de vez, nos vimos uma última vez. Claro que não sabíamos que seria a última vez, afinal nunca tomamos decisão nenhuma. Conversamos sobre nossas novas vidas e, ironicamente, estavam opostas. Ele com um relacionamento sério, maduro, com uma mulher mais velha, enquanto eu estou vivendo a vida que se espera de uma jovem solteira de 25 anos.
Nós dois juntos éramos essas duas coisas. Sérios, maduros - impossível manter uma relação imatura por tanto tempo -, mas também éramos bobos, brincávamos demais às vezes tanto que meus pais nos chamavam de “as crianças”. Escrever isso faz bem porque agora - só agora - eu percebo que só um desses me fazia feliz. Estávamos divididos porque não íamos para o mesmo lugar.
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