eu, lírico
Não despeje em mim elogios que não preciso
Sei que tudo que toco vira poesia
Não coloque em mim expectativas do seu íntimo
Jamais espere algo da minha escrita
Uns escrevem e buscam escrever bem
Dependem da letra para serem cativantes
Logo eu que sempre fui além
Sei que sou melhor como objeto do que como participante
Aqueles que se dizem artistas
Assim o dizem por não serem arte
Eu que sou assim impulsiva
Sempre serei melhor como mártir
Sabem que sou assim demais para uma imagem
Porque já não se consegue escrever sem pensar
No próprio ato, pura metalinguagem
Parte do talento está em perturbar
Não se consegue pensar em uníssono quando não se pensa em mim
Sou pintura
Minhas curvas que caminham
dos cabelos
aos seios
e chegam aos tornozelos
Sou poema
A rima harmônica que te toca
Na leveza do romance intrínseco
Inevitável sofisticação
Inacessível
Sou, acima de tudo, crônica
Perene, compreensível
Chegada em tantos
Recebida com tão pouco
Começo, meio e fim
Clímax que explica a angustia
Inspiradora para os certos
Não se pensa em nada quando me tens
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